sábado, 31 de outubro de 2015

Mensagem de Amor




As cartas psicografadas por Chico Xavier, que se constituíram em conforto aos familiares, não se destinam apenas àqueles que as receberam. As mensagens trazidas pelos irmãos desencarnados servem de consolo a todos os que não tiveram a mesma oportunidade, pois, as mensagens falam de vida, consolo e esperança, como a carta psicografada a 15 de outubro de 1976, ao final da reunião pública no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais, enviada pela jovem Yolanda.


Querida Mamãe, querido Papai, meu querido João Batista, Deus abençoe a nós todos.

Estou ainda quase sem forças.

Quase como no instante em que me levantei de mim mesma, depois de me haverem erguido, à maneira de uma criança.

E venho, querida Mãezinha, não apenas atraída por seu carinho, mas trazida na corrente de suas petições e de suas lágrimas.

Peço agora com mais insistência, não se entristeça, ajude-me com aquela fortaleza que em seu espírito nunca vi esmorecer.

Perdoem-me, o seu coração e o coração de meu pai, se voltei tão às pressas à vida que me convidava às grandes renovações.

Tenho o reconforto de afirmar-lhes que não provoquei o choque do Opala.

Pensei que pudesse fazer uma ultrapassagem pacífica, habituada que me achava a visar dimensões e examinar caminhos de relance.

Mãezinha, não julgue que sua filha pudesse, por um instante só, enfraquecer-se na fé, a ponto de buscar a desencarnação voluntária.

Dias antes me sentia em nossa casa, como quem trazia a cabeça e as mãos crescidas, não sabia o que se passava.

Inclinei-me a refletir sobre mediunidade, mas, somente aqui vim a saber que estava sendo preparada com carinho para a volta.

Tudo, Mamãe, foi muito rápido.

Um choque difícil de descrever e, depois aquela ideia de que o desmaio era natural e inevitável, um sono agitado por pesadelos, porque a gente não se despede do corpo, sem desatar muitos laços e nem se desliga com muita facilidade do ambiente querido em que se nos desenvolveu a experiência familiar.

Quando acordei, porém, escutava seus apelos, suas perguntas, suas aflições e suas lágrimas, em forma de palavras e sons que me ecoavam por dentro do coração.

Senti-me perdida, como quem se reconhece num hospital que não pediu e nem esperou.

Os conhecimentos que trazia comigo me foram valiosos, porque era justo que eu a chamasse aos gritos, manifestando minha estranheza em altas vozes, mas quando vi o tio Orlando com aquele rosto sereno a fitar-me, ele que partira, antecedendo-me na vida Espiritual, creio por onze meses, compreendi tudo.

Achava-me como ainda me encontro numa instituição de refazimento em que o amigo maior é o Padre Antônio, direi Antônio Preto, de quem ouvira tantas vezes falar.

Acolheu-me com brandura e soube que estávamos todos numa casa de socorro espiritual de urgência, fundada junto a Bebedouro pelo sacerdote Francisco Valente, que nos deu tanto amor, na formação do recanto em que Deus enviou a felicidade para morar conosco.

Lutei muito, querida Mamãe, porque não é fácil deixar a existência no lar, nem mesmo quando temos aquele ideal de estudar a vida em outros planos e em outros mundos, que sempre me marcou as idéias de menina voltada para os assuntos do espírito.

Rogo dizer à nossa Do Carmo e às amigas que a morte me apareceu na condição de uma benfeitora, e que não fui eu quem lhe bateu às portas.

Mãezinha, a senhora sabe que suicídio não constava de nossos propósitos, isto é, dos meus.

Páginas de amor e ternura, meditações sobre a vida espiritual que eu tenha escrito, sabe nosso querido João Batista que eram pensamentos soltos nos quais, muitas vezes, me sentia sob influências mediúnicas.

Rogo ao querido irmão auxiliar-me com seu encorajamento e fé em Deus.

Joãozinho, meu irmão, estamos no tempo dos nossos testemunhos de confiança em Deus.

Estude e siga em frente.

Sua irmã não morreu.

O que sucedeu foi mudança de lugar e de clima, sem transformações em nosso amor de irmão que se tanto e que com a benção de Jesus, prosseguiremos unidos.

Mãezinha, agradeço as suas preces e as orações dos familiares, sem me esquecer dos pensamentos de amor da Vovó Carolina e da tia Geni, em Viradouro.

Aqui, tenho encontrado muito amor, através de gestos de proteção que não plantei.

Nossos irmãos do Grupo do Calvário ao Céu estão irmanados aos outros, aqueles que sob a proteção de São João Batista, distribuem socorro e bondade sob os nossos céus.

Mamãe, perdoe sua filha, se minhas idéias pareciam por vezes extravagantes.

Eu sei que a sua ternura tantas vezes silenciava para que sua Landa estivesse crendo em sonhos e realizações distantes da verdade que impera na vida.

E me lembro dos seus olhos expressivos a me falarem sem palavras de suas preocupações por mim.

Creia, Mamãe, que não vim para cá trazendo afeições maiores que as nossas, você, papai, João Batista, Maria do Carmo e os nossos, parece que a gente mais jovem quando sai da Terra de repente, na maioria dos casos, parece considerada como sendo pessoas que se afastam do mundo por desilusões e desenganos, mas não é assim.

Existem leis a que não conseguimos fugir.

Cada qual na Terra dispõe de uma quota de tempo a fim de fazer o que deve.

A parcela que a vida me reservava era curta.

Mas tenho a ideia de que tive os melhores pais da Terra e os melhores irmãos, porque recebi todos os recursos de casa para realizar em mim as construções espirituais que pude.

Dizer obrigada é tão pouco, mas digo assim mesmo: obrigada, Mãezinha, por seus braços que me guiaram na vida, por seus sacrifícios por mim, pelas orações que aprendi nos seus lábios e que as teorias do progresso humano não me fizeram esquecer; por suas noites de vigília, por suas inquietações, acompanhando-me com as suas preces, quando me ausentava de casa, obrigada pelas repreensões que eu merecia e que ficaram sempre em seu carinho sem que você me falasse dos receios que eu causava à sua ternura, obrigada por tudo, mas por tudo o que você me deu e obrigada a todos os que me concederam em família para me servirem de protetores e companheiros.

Estou ainda muito pobre de forças, mas Deus concederá à sua filha energias novas e serei útil.

Mãezinha, meu pai, João Batista, Tia Geni e todos os meus entes queridos, termino, dizendo que estou agradecida, amando a todos cada vez mais.

E o Papai me permitirá terminar esta carta, dizendo a Mãezinha, naquele abraço total, quando voltava a casa depois de qualquer ausência.

Mãezinha, você é tudo para mim, Mamãe, querida Mãezinha, abençoe-me e deixe que me ajoelhe diante das suas preces outra vez para repetir que nós duas confiamos em Deus.

E receba todo o carinho, com muitos beijos da sua filha, agora mais sua filha no coração.